O movimento de finanças sustentáveis ganha cada vez mais força e relevância em um mundo que busca harmonizar crescimento econômico e preservação ambiental. Neste artigo, exploramos como os bancos podem atuar como agentes de transformação e oferecer produtos financeiros que estejam em sintonia com o planeta.

O que são Finanças Verdes e Bancos Verdes?

As práticas financeiras ambientalmente responsáveis surgem para ressignificar o papel das instituições financeiras na sociedade. Elas envolvem decisões de investimento e crédito que levam em conta critérios ambientais, sociais e de governança (ESG).

Bancos Verdes são aqueles que combinam conhecimento local, inovações financeiras de baixo carbono e compromisso com o meio ambiente para criar produtos e serviços destinados a financiar projetos de sustentabilidade. Ao direcionar recursos para energias renováveis, mobilidade limpa e conservação de recursos naturais, esses bancos se posicionam como protagonistas da transição.

Mercado de Títulos Verdes no Brasil

O Brasil emergiu como um dos maiores emissores de títulos verdes na América Latina desde 2015, com mais de US$ 11,2 bilhões emitidos. Esse dinamismo reflete o crescimento da demanda por instrumentos que financiem diretamente iniciativas ambientais.

Os números demonstram aceleração expressiva:

Em 2018, 20,8% dos financiamentos concedidos a empresas pelos 15 maiores bancos brasileiros foram destinados a setores classificados como Economia Verde. Esses dados reforçam o fomento à transição climática e a consolidação da economia verde e resiliente.

Processo de Emissão e Certificação de Títulos Verdes

Emitir um título verde exige rigor e transparência desde o planejamento até a execução. As etapas essenciais garantem que os recursos atendam a projetos ambientais devidamente monitorados.

• Análise de Mercado e Elaboração do Projeto: definição de objetivos ambientais e indicadores de impacto.
• Certificação Externa: avaliação por instituições independentes para assegurar a destinação correta dos recursos.
• Emissão e Divulgação: lançamento no mercado com relatórios periódicos de acompanhamento.

No Brasil, Febraban e CEBDS atuam como avaliadoras reconhecidas, garantindo a credibilidade dos títulos emitidos.

Categorias de Títulos Sustentáveis

O Banco Central do Brasil define quatro categorias principais de títulos sustentáveis, ampliando o leque de opções para emissores e investidores:

• Títulos Verdes: destinados a projetos ambientais.
• Títulos Sociais: voltados à promoção de inclusão e bem-estar.
• Títulos de Sustentabilidade: combinam metas ambientais e sociais.
• Títulos de Transição: apoiam empresas em processo de descarbonização.

Essa classificação oferece títulos de renda fixa verde adequados a diferentes perfis de risco e retorno, consolidando a compromisso com o desenvolvimento sustentável.

Regulamentação e Normatização

Para fortalecer a governança e padronizar as práticas, o Conselho Monetário Nacional aprovou, em novembro de 2025, uma resolução que estabelece diretrizes contábeis para ativos e passivos de sustentabilidade. Com vigência a partir de 1º de janeiro de 2027, ela traz:

• Ativos de Sustentabilidade: bens intangíveis como créditos de carbono, permissões de emissão e CBIOs.
• Passivos de Sustentabilidade: obrigações legais ou voluntárias relacionadas à agenda climática.

Essa medida assegura transparência, clareza e comparabilidade das informações e segue padrões internacionais e o documento OCPC 10.

Iniciativas Institucionais e Produtos Verdes

Além de títulos verdes, bancos e grupos de trabalho atuam para fomentar o mercado e disseminar boas práticas.

O GT Finanças Verdes, composto por representantes do setor público e privado, mapeia oportunidades e propõe aperfeiçoamentos regulatórios. Suas ações incluem:

• Identificação de gargalos no financiamento de projetos com adicionalidade socioambiental.
• Desenvolvimento de soluções para mitigação de riscos climáticos.
• Compartilhamento de experiências e metodologias.

No âmbito das instituições, destacam-se iniciativas como:

• Financiamento solar e linhas de crédito para equipamentos de energia renovável.
• Emissão de green bonds e etiquetas ESG em operações de câmbio e crédito.
• Programas de compensação de emissões e incentivo à diversidade.

O Banco Central do Brasil ocupa o segundo lugar em iniciativas monetárias verdes entre os membros do G-20, atestando sua liderança na agenda climática financeira.

Como Escolher um Banco Verde?

Selecionar uma instituição alinhada aos valores ambientais envolve avaliar critérios objetivos:

• Percentual de carteira de crédito destinado a setores sustentáveis.
• Políticas internas de ESG e governança.
• Transparência na divulgação de relatórios de impacto.
• Parcerias com organizações certificadoras e de pesquisa.

Ao adotar essas diretrizes, investidores e clientes podem direcionar seus recursos a bancos que realmente promovam a gestão de riscos socioambientais e climáticos.

Impacto e Perspectivas Futuras

Os bancos verdes exercem papel central na construção de uma economia de baixo carbono e na transição energética global. Com políticas robustas e produtos diversificados, eles:

1. Estimularão o desenvolvimento de novas tecnologias limpas.
2. Fomentarão a inclusão social por meio de linhas de crédito acessíveis.
3. Ampliarão a resiliência financeira de comunidades vulneráveis.

A expectativa é que, até 2030, o mercado de títulos verdes alcance patamares ainda mais elevados, consolidando-se como ferramenta-chave para enfrentar os desafios climáticos.

Conclusão

Ao escolher um banco verde, você não apenas busca retorno financeiro, mas também investe em um futuro mais equilibrado e saudável para o planeta. A partir de critérios claros e da compreensão das práticas sustentáveis, é possível alinhar seus valores pessoais e empresariais a instituições engajadas no combate às mudanças climáticas.

Comece hoje mesmo a avaliar seu banco e descubra como seu dinheiro pode se transformar em um motor de transformação socioambiental.